sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

FMI e privilegiados

O país foi acometido de um súbito estado de euforia com o (épico) regresso aos mercados. 
Comunicação social e demais especialistas do governo já profetizam o fim da crise ao virar da próxima esquina.
Parece esquecido o famigerado relatório do FMI, cujos peritos preconizam mais umas quantas dezenas de milhares de despedimentos, num país onde o desemprego teima em escapar às previsões dos tais especialistas que sabem qualquer cousa de uma cousa e nada de todas as coisas, como dizia o poeta.
No dizer dos especialistas das médias, medianas e pesos do PIB, um médico ou um professor são profissões a cuja situação de privilégio importa pôr cobro. Compreende-se que, no aconchego dos gabinetes climatizados, seja difícil entrever a vida de um professor obrigado a carregar a casa às costas ano após ano, rumo à escola onde foi colocado pelo omnipresente Ministério da Educação. O mesmo ministério que afoga os professores em burocracias, sobrando pouco tempo para a nobre tarefa de preparação das aulas. Não é caso para menos: a realidade assume tons bem mais agradáveis, quando vista pelas cores garridas ou curvas voluptuosas dos gráficos de excel.
Estes especialistas são  remunerados a peso de ouro, ao contrário do professor que ensina; ou do médico que trata os doentes. Mas, na narrativa que todos os dias entra pelas nossa casas adentro, são estes últimos os privilegiados. É assim o nosso mundo às avessas.

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