quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Tristes Tempos

Entretanto... mais austeridade. E outra vez o passado, a incúria dos antecessores, velho alibi de todos os primeiros-ministros, quando se trata de impor medidas não inscritas nos programas eleitorais sufragados pelos eleitores. Sob este prisma, nada de novo. Tudo num quadro de uma comunicação social abúlica e serventuária.

A realidade das contas públicas é uma torrente que escapa ao génio dos nossos ministros, uns vindos do mundo virtual das jotas, outros da academia. Mas a dívida pública é uma realidade de somenos ao pé da dívida privada, com destaque para a dos bancos, essas instituições que pairam acima das demais neste mundo às avessas.


Neste nosso mundo, os estados socorreram a banca e desembocaram na crise das dívidas soberanas. O dinheiro dos contribuintes pode e deve ir, rapidamente e em força, para as instituições financeiras, enquanto a austeridade é ministrada em pesadas doses aos povos. É a banalidade do mal, parafraseando Arendt.

Retratos sombrios

No Guardian, excertos de um trabalho antropológico sobre o mundo da City.
Nele são entrevistados vários quadros do sistema financeiro. Retratos sombrios. De desesperança:

Just this week a colleague of mine was called into the meeting room and … fired. Just like that. He wasn't even given time to pick up his stuff, that was all done for him. He hadn't met his targets. Later we were called into the meeting room and I was told 'Look, you don't need to worry, you're doing fine.' That's the City for you, people are used and discarded like objects.

"I never thought I'd become the person I am now. Back in my country I used to work in a job where I'd help people, actually improve their lives. These days I am cheating, lying, manipulating – all in the name of targets. The crazy thing is, I am good at this. I get bonuses.