quinta-feira, 19 de maio de 2011

Dominique Strauss-Kahn


Na velha e civilizada Europa, o caso Dominique Strauss-Kahn muito provavelmente teria morrido à nascença. Por entre refinadas teias jurídicas e o manto do preconceito social enraizado, quem de entre nós, europeus, daria crédito à queixa de uma modesta empregada de hotel, ainda para mais imigrante africana?

Mas não é assim nos Estados Unidos, país de génese democrática. Na América, até Marx o reconhecia, as relações nobiliárquicas não moldavam a paisagem social. E a democracia já era a forma de autogoverno de muitas das comunidades fixadas na Nova Inglaterra; mesmo antes da Revolução de 1776.

Talvez esse ethos democrático seja indissociável do comportamento (expedito) da justiça americana, não hesitando em agir mesmo perante figuras poderosas. Mesmo quando a queixosa é gente de humilde condição. É a justiça de um país em que os procuradores são eleitos e respondem perante o povo. Mas não é uma justiça popular, no sentido pejorativo que lhe costumamos dar.

Se a Revolução Francesa aboliu o privilégio de nascimento, já o mesmo não parece ter sucedido com a impunidade decorrente da condição social, que ainda parece fazer lei no Hexágono. Assim é quando estão em causa crimes sexuais, desvalorizados pela boa sociedade como pecadilhos sem importância. Um contraste com o puritanismo do outro lado do atlântico, que também ajuda a fazer luz sobre este caso.

Choque de culturas, do ethos democrático americano contra as reminiscências nobiliárquicas? Da Europa civilizada contra a bárbara América, que não hesita em algemar uma nobre figura da elite política francesa? Talvez algum exagero.

Quanto ao caso Dominique Strauss-Kahn, o melhor é esperar pelos próximos capítulos.

Um comentário:

  1. Marvão, estás a perder qualidades...!
    O teu primeiro e segundo parágrafos nem me merecem comentários, mas sou teimoso: a quantidade de negros presos que os EUA têm explica concerteza o comportamento expedito da justiça americana. Bem sei que nos queixamos exactamente pelo contrário, mas nem tanto à terra...! Além de muitos estados com pena de morte, crimes imputados quase sempre a inocentes pobres(leia-se: negros), policias armado que empunham a arma em meras operações rodoviárias, não vejo o que invejar!(não sei se alguma vez te apontaram alguma arma: garanto-te que incomoda. mais, a conduzir como conduzes, já tinhas levado um balázio na cabeça!)A tua argumentação roça o populismo, digna de noticiário da TVI: a pobre empregada, ainda por cima negra, coitadinha, abusada ...etc...etc.! E parece-te a ti que o DSK com a posição e dinheiro que têm se iria meter num imbróglio destes, a não ser que fosse (e é)uma cilada?! Se o Assange tivesse saltado prá cueca das moças nos EUA e não na Suécia, ainda estava lá dentro. Mas tá claro que tu acreditas que as moças, embora pagas, foram pró quarto dele para tomar chá...!
    1 abraço do teu amigo conspirador

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