Quando falamos de Chávez, vem-me sempre à memória aquele dia feito de
golpe de estado malogrado. Golpe orquestrado por uma democrática
oposição, amiga do velho rotativismo oligo-democrático de Carlos Andrés Pérez
e cia, e que agora tinha de se haver com um intruso parvenu. Percebeu
que, via eleições, o intruso seria um osso bem duro de roer, e então
resolveu fazer uso de militares amigos. Mas os tempos eram feitos de
mudança: a guerra fria havia terminado, e os americanos, ocupados com
outros afazeres bem mais interessantes, não se empenharam a fundo nessa
nobre e democrática tarefa. Os desvalidos, esses, reviam-se em Chávez.
Sentiam-se por uma vez portadores de uma qualquer vontade de poder e,
assim, tomaram as ruas de Caracas, resgatando o presidente eleito.
Desde esse dia, ao ver essas imagens na televisão, entrevi que estávamos perante um daqueles fenómenos políticos com que, de tempos a tempos, a América Latina nos brinda. E que iria ter longa vida no poder. E foram catorze anos de muitas eleições,com plebiscitos pelo meio, e de grandes mudanças sociais nesse país, a Venezuela, rica em petróleo, mas paupérrima em bem-estar. Com Chávez, os cuidados primários de saúde chegaram até muitos antes deles desprovidos. E a mortalidade infantil recuou para metade. A pobreza diminuiu significativamente, embora ainda seja uma marca da paisagem social. E muitos tiveram pela primeira vez acesso à educação. Acima de tudo, penso que o maior legado de Chávez é ter trazido para a cidadania democrática tantos que dela estavam excluídos.
É certo, houve o lastro de populismo e a (velha) tentação de se perpetuar no poder. Mas esse populismo também deve ser contextualizado, compreendido dentro das realidade político-culturais da América Latina, e no facto de não haver um partido estruturado a mediar a relação entre os apoiantes e o líder (o esboço de partido veio depois). E, com isto termino as minhas trivialidades, acreditando que uma qualquer espécie de chavismo perdurará para além de Chávez. Tal como o peronismo não soçobrou com a morte de Juan e Eva.
Chávez foi o detonador da vaga de esquerda na América Latina.Uma vaga democrática.
Desde esse dia, ao ver essas imagens na televisão, entrevi que estávamos perante um daqueles fenómenos políticos com que, de tempos a tempos, a América Latina nos brinda. E que iria ter longa vida no poder. E foram catorze anos de muitas eleições,com plebiscitos pelo meio, e de grandes mudanças sociais nesse país, a Venezuela, rica em petróleo, mas paupérrima em bem-estar. Com Chávez, os cuidados primários de saúde chegaram até muitos antes deles desprovidos. E a mortalidade infantil recuou para metade. A pobreza diminuiu significativamente, embora ainda seja uma marca da paisagem social. E muitos tiveram pela primeira vez acesso à educação. Acima de tudo, penso que o maior legado de Chávez é ter trazido para a cidadania democrática tantos que dela estavam excluídos.
É certo, houve o lastro de populismo e a (velha) tentação de se perpetuar no poder. Mas esse populismo também deve ser contextualizado, compreendido dentro das realidade político-culturais da América Latina, e no facto de não haver um partido estruturado a mediar a relação entre os apoiantes e o líder (o esboço de partido veio depois). E, com isto termino as minhas trivialidades, acreditando que uma qualquer espécie de chavismo perdurará para além de Chávez. Tal como o peronismo não soçobrou com a morte de Juan e Eva.
Chávez foi o detonador da vaga de esquerda na América Latina.Uma vaga democrática.
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