terça-feira, 13 de novembro de 2012

A doce perfeição e a queda

Acreditamos em soluções perfeitas para os problemas que nos afligem, eis o nosso logro. Reféns da ideia de perfeição, lançamos o anátema sobre as restantes alternativas e a discussão acaba em mero simulacro.
Resultado de tal atitude é  assistirmos, paralisados, à nossa própria queda. Retrato de um país cada vez mais submerso numa crise sem fim à vista. Com um primeiro-ministro obstinadamente agarrado à ideia de que temos de honrar os nossos compromissos custe o que custar; e nos termos de um memorando que a realidade depressa se encarregou de tornar caduco.
Pagar tudo e não nada renegociar  é o dever ser contra o ser. Mas o que tem que ser tem muita força. E o ser é o fardo da dívida tornada ingerível pela queda do PIB. O tempo deveria ser, pois, o da discussão das outras alternativas. Das imperfeitas, que comportam custos e riscos. Mas não: continuaremos deliciosamente aprisionados pelo feitiço da perfeição. Até que a realidade nos bata à porta.


PS. Em Pedro Passos Coelho e Angela Merkel, o mesmo retrato de um país cumpridor e no bom caminho. Nada urge pois alterar. Mas o que em Pedro é crença, é ,em Angela, mero cálculo político, que as eleições estão já ao virar da esquina. E nada como a imagem da chanceler ladeada por dois belos canhões prussianos, no não menos belo  Forte de São Julião da Barra.

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