segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Não somos a Grécia

Vamos de austeridade em austeridade até à vitória final, assim nos querem fazer crer o governo e demais analistas. A entrevista de Pedro Passos Coelho recolheu os louros do costume na comunicação social do país que inventou essa curiosa expressão do estado de graça.
Tudo estaria bem, não fosse a impenitente Grécia, esse país outrora pátria democracia, que teima em não aplicar o (benigno) programa das privatizações imposto por estrangeiros. Enfim, a Grécia tem costas largas, já o sabíamos, e quanto maiores as semelhanças, maior a necessidade de nos distinguirmos: eu sou pobre, mas não como tu. Assim, uma legião de distintas personalidades desfila pelos telejornais assegurando-nos de que não somos a Grécia.
A Madeira veio perturbar aquela melopeia, como a querer despertar-nos para uma outra realidade. Mas não: logo a mesma gente nos veio assegurar que não, não somos a Grécia.
O governo assegurou-nos, hoje, de que não tenciona extinguir câmaras municipais, contrariando o que está no memorando. Ainda assim, as mesmas vozes dizem-nos que só a Grécia não cumpre memorandos.
A nossa dívida privada é maior do que a dos gregos. Mas também isso deve ser culpa da Grécia. Já estamos a ver.

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