terça-feira, 16 de outubro de 2012

A Grécia que eles odeiam

À violência de um governo ilegítimo junta-se a corte ignara dos comentaristas que nos dizem que não há alternativa à austeridade a não ser a Grécia.
Não sei o que mais me revolta, se a falta de pudor com que um governo se lança sobre os rendimentos de quem trabalha e dos pensionistas, fazendo o contrário do que pregou na campanha eleitoral, se a indigência dos comentários sobre um país transformado em bode expiatório da crise do euro. E a cujos cidadãos se pode impor uma receita económica feita à base de dor e sofrimento. Essas luminárias falam da Grécia com desprezo. Com o desprezo próprio dos ignorantes.  
No fundo, eles agitam o espectro da Grécia contra nós. Querem-nos assim obedientes, em humilde reverência do discurso do especialista. Não gostam do ruído do mundo, da cidadania e da democracia. Afinal, esta é a impureza que ameaça fazer ruir o imaculado conhecimento tecnocrático.
A Grécia é o escrutínio dos governos. É a rua. É as greves. É o Syriza. É Exarquia. É a política! E eles, no seu mundo asséptico das televisões, odeiam tudo isso.

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