À violência de um
governo ilegítimo junta-se a corte ignara dos comentaristas que nos
dizem que não há alternativa à austeridade a não ser a Grécia.
Não sei o que mais me
revolta, se a falta de pudor com que um governo se lança sobre os
rendimentos de quem trabalha e dos pensionistas, fazendo o contrário
do que pregou na campanha eleitoral, se a indigência dos comentários
sobre um país transformado em bode expiatório da crise do euro. E a
cujos cidadãos se pode impor uma receita económica feita à base de
dor e sofrimento. Essas luminárias falam da Grécia com desprezo.
Com o desprezo próprio dos ignorantes.
No fundo, eles agitam o
espectro da Grécia contra nós. Querem-nos assim obedientes, em
humilde reverência do discurso do especialista. Não gostam do ruído
do mundo, da cidadania e da democracia. Afinal, esta é a impureza
que ameaça fazer ruir o imaculado conhecimento tecnocrático.
A Grécia é o escrutínio
dos governos. É a rua. É as greves. É o Syriza. É Exarquia. É a
política! E eles, no seu mundo asséptico das televisões, odeiam
tudo isso.
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