quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Mefistófeles e a inflação.

Fui dar com este artigo do (famoso) colunista do Financial Times, Wolfgam Munchau, que contém uma curiosa citação do governador do Bundesbank, Jens Weidmann. Curiosa porque nos remete para o Fausto de Goethe.

Afinal, o medo da inflação não está apenas enraizado na experiência histórica alemã dos trágicos anos trinta. Também a grande literatura faz dele eco. E, assim, Weidmann recorda o diálogo de Mefistófeles com o imperador. E o remédio para os males da bancarrota que assola o império: uma simples nota de papel com a assinatura do imperador; o império entregou-se à tarefa de as imprimir aos milhares e por uns tempos a vida continuou a ser como dantes. Para contentamento do povo.
Para Weidamen, o italiano Mario  Draghi é o Mefistófeles na corte do império do Euro.

MEFISTÓFELES:

A minha viagem deu p'ra notar

Que está em apuros o bom do imperador. Já o conheces. Quando o divertíamos,
Falsas riquezas na mão lhe metíamos,
Pensava que o mundo era seu.
(...)
FAUSTO:
Erro fatal.
(...)
MEFISTÓFELES:
(...)Gozou como podia,
E agora o reino caiu na anarquia:
Grandes, pequenos, todos guerreando,
Irmãos perseguindo-se, matando,
Atacam-se castelos e cidades,
Guildas e nobres em luta, inimizades,
Bispo, povo e cabido desavindos,
Olham-se e pronto!, já são inimigos.
'Té nas igrejas morres, e diante
Das porras corre risco o viajante.
Cada um mais ousado se mostrava;
Viver? Não, defender-se! - E a coisa andava.
JOHANN WOLFGANG GOETHE – in “FAUSTO”

Nenhum comentário:

Postar um comentário