O país foi acometido de um súbito
estado de euforia com o (épico) regresso aos mercados.
Comunicação social e
demais especialistas do governo já profetizam o fim da crise ao virar da
próxima esquina.
Parece esquecido o famigerado
relatório do FMI, cujos peritos preconizam mais umas quantas dezenas de milhares
de despedimentos, num país onde o desemprego teima em escapar às previsões dos
tais especialistas que sabem
qualquer cousa de uma cousa e nada de todas as coisas, como dizia o poeta.
No
dizer dos especialistas das médias, medianas e pesos do PIB, um médico ou um
professor são profissões a cuja situação de privilégio importa pôr cobro.
Compreende-se que, no aconchego dos gabinetes climatizados, seja difícil
entrever a vida de um professor obrigado a carregar a casa às costas ano após
ano, rumo à escola onde foi colocado pelo omnipresente Ministério da Educação.
O mesmo ministério que afoga os professores em burocracias,
sobrando pouco tempo para a nobre tarefa de preparação das aulas. Não é caso para
menos: a realidade assume tons bem mais agradáveis, quando vista pelas cores
garridas ou curvas voluptuosas dos gráficos de excel.
Estes
especialistas são remunerados a peso de ouro, ao contrário do professor que
ensina; ou do médico que trata os doentes. Mas, na narrativa que todos os dias
entra pelas nossa casas adentro, são estes últimos os privilegiados. É assim o
nosso mundo às avessas.
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