Mais uma vez, a notícia da morte de Silvio Berlusconi, cantada por uma
legião sem-fim de jornalistas, foi manifestamente exagerada. Forte é a
tentação de tomarmos os nossos desejos pela realidade, depois somos
apanhados em contra-pé pelo fenómeno Berlusconi.
Nas nossas democracias, a realidade dos reality shows televisivos entrelaça-se cada vez mais com a política. O tempo é cada vez mais dos que são hábeis a transpor as lógicas da televisão, da televisão do entretenimento (mais o seu cortejo de tele-lixo), para o discurso político. Prejuízo óbvio para a qualidade da democracia, mas é cada vez mais assim o nosso mundo. E Berlusconi, apoiado no seu poderoso império mediático, está aí como peixe na água. Desde 1994, quando então emergiu na vida política italiana e trocou as voltas aos ex-comunistas do Partido Democrático. Agora tal não sucedeu, mas por muito pouco:na Câmara Baixa, estreita foi a vantagem de Bersani, secretário-geral do PD, em relação ao Povo da Liberdade de Berlusconi; e no Senado, a vantagem tende para este último.
Para além da demagogia, muito deste resultado de Berlusconi também se deve à retórica anti-alemã e à forma hábil como se conseguiu demarcar da política de austeridade vigente, cujo rosto, o honesto tecnocrata Mário Monti, figura incensada por comentadores e jornalistas de referência, foi copiosamente derrotado. Os italianos rejeitaram nas urnas a política de austeridade da Comissão Europeia via Monti.
Quanto ao Partido de Democrático de Bersani, foi incapaz de se apresentar como alternativa à receita da austeridade acima de tudo e de todos. Incapaz de, parafraseando Moreti, dizer uma só coisa de esquerda. E acabou tendo uma vitória de Pirro.
Notícia foi o comediante Beppe Grillo, curiosamente vindo também do mundo da televisão, mas excluído desta. Apelidado de populista pelos comentadores de referência, o seu Movimento 5 Estrelas (MS5) elegeu a internet como plataforma de acção política. Apresentou candidatos muito jovens, quais anónimos da política, mas granjeou um quarto do voto popular. Por cá, haverá certamente a tentação de o comparar ao nosso Bloco de Esquerda. Comparação precipitada, pois o jovem movimento de Grillo acumula já experiência de governo local (por exemplo, na Sicília ou em Parma), ao contrário do nosso BE, que foge do poder como o diabo da cruz.
Nas nossas democracias, a realidade dos reality shows televisivos entrelaça-se cada vez mais com a política. O tempo é cada vez mais dos que são hábeis a transpor as lógicas da televisão, da televisão do entretenimento (mais o seu cortejo de tele-lixo), para o discurso político. Prejuízo óbvio para a qualidade da democracia, mas é cada vez mais assim o nosso mundo. E Berlusconi, apoiado no seu poderoso império mediático, está aí como peixe na água. Desde 1994, quando então emergiu na vida política italiana e trocou as voltas aos ex-comunistas do Partido Democrático. Agora tal não sucedeu, mas por muito pouco:na Câmara Baixa, estreita foi a vantagem de Bersani, secretário-geral do PD, em relação ao Povo da Liberdade de Berlusconi; e no Senado, a vantagem tende para este último.
Para além da demagogia, muito deste resultado de Berlusconi também se deve à retórica anti-alemã e à forma hábil como se conseguiu demarcar da política de austeridade vigente, cujo rosto, o honesto tecnocrata Mário Monti, figura incensada por comentadores e jornalistas de referência, foi copiosamente derrotado. Os italianos rejeitaram nas urnas a política de austeridade da Comissão Europeia via Monti.
Quanto ao Partido de Democrático de Bersani, foi incapaz de se apresentar como alternativa à receita da austeridade acima de tudo e de todos. Incapaz de, parafraseando Moreti, dizer uma só coisa de esquerda. E acabou tendo uma vitória de Pirro.
Notícia foi o comediante Beppe Grillo, curiosamente vindo também do mundo da televisão, mas excluído desta. Apelidado de populista pelos comentadores de referência, o seu Movimento 5 Estrelas (MS5) elegeu a internet como plataforma de acção política. Apresentou candidatos muito jovens, quais anónimos da política, mas granjeou um quarto do voto popular. Por cá, haverá certamente a tentação de o comparar ao nosso Bloco de Esquerda. Comparação precipitada, pois o jovem movimento de Grillo acumula já experiência de governo local (por exemplo, na Sicília ou em Parma), ao contrário do nosso BE, que foge do poder como o diabo da cruz.
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