quinta-feira, 7 de julho de 2011

A Moody's do nosso descontentamento

As agências de rating são o admirável mundo de Reagan, Thatcher e cia levado ao paroxismo. Mas a Moody's do nosso descontentamento limitou-se a levar a lógica do governo recém-empossado até às últimas consequências.
Ora vejamos: não foi o governo de Passos Coelho que anunciou um imposto extraordinário para tapar um buraco, diríamos também, extraordinário? Não disse o nosso eminente ministro das finanças (mais uma mente brilhante saída da economia, essa ciência de pés-de-barro tão incensada no mundo de hoje) que a extensão do buraco nas contas públicas o havia surpreendido? Não admira, pois, a reacção (que de certo não é inocente) da Moody's.
Nem pode a aludida agência pode ser acusada de ignorância acerca da realidade política e cultural prevalecente neste país outrora de vocação marítima. Ao manifestar o seu cepticismo sobre a capacidade de o governo cumprir as metas do memorando, no que à saúde, empresas públicas e autarquias se refere, limitou-se a pôr o dedo na ferida: como poderá o PSD, partido clientelar do regime e de maior expressão nas autarquias, levar por diante a supressão de municípios e freguesias? Ou a extinção de 15% dos cargos dirigentes no universo da administração pública? Perante tal histórico, duvidar é um acto da mais elementar racionalidade.
Junte-se, a tudo isto que é nosso, a reestruturação encapotada actualmente em curso na Grécia, sob a capa de um segundo resgate feito austeridade sobre as vidas dos gregos, alvo de uma espécie de punição colectiva. Depois, os juros a que estamos sujeitos num cenário de crescimento anémico ou negativo. Perfila-se assim como provável um horizonte próximo algures entre o segundo resgate e uma reestruturação da dívida. A não ser que a Europa...

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