Olhando para as legislativas de 7 de Junho e, em pano de fundo, para os resultados eleitorais da última (quase) década, sobressai a inequívoca vitória do Partido Social Democrata, com a obtenção do maior número de votos e de mandatos na composição da futura assembleia. Contudo, não foi a esmagadora vitória cantada pela generalidade dos comentadores: o PSD não só não obteve a maioria absoluta, como ficou abaixo da votação das legislativas de 2002, de que então emergiu também vencedor. Argumentar-se-á que o número de deputados será certamente superior ao de 2002, visto que ainda não foram apurados os resultados dos círculos da Europa e de Fora da Europa, cuja contagem atribui, regra geral, entre dois a três mandatos ao PSD. Ficará com mais dois ou três deputados, mas é duvidoso que consiga preencher o fosso de votos: 55.313 votos de diferença separam o PSD de Barroso do PSD de Passos Coelho.
O CDS/PP emerge também vencedor das legislativas últimas. Cresce em número de votos e de mandatos (tem tantos quantos a CDU e o BE juntos, proeza assaz assinalável). O crescimento deste partido tem sido sustentado ao longo dos últimos actos eleitorais, sinal das (reconhecidas) qualidades de liderança de Paulo Portas e de um bom punhado de bons quadros políticos, passe a redundância.
É certo que o resultado foi obscurecido pelas expectativas de um resultado ainda maior, que algumas sondagens lhe prognosticavam e que o seu líder ampliou, ao fixar metas talvez além da realidade política nacional, cativa dos dois partidos clientelares do regime, PS e PSD. Em todo o caso, um bom resultado: o CDS não só resiste ao voto útil, como consegue crescer num contexto de crescimento eleitoral do PSD.
O PS sofre uma pesada derrota, sendo necessário recuar mais de duas décadas (mais precisamente a 1987) para encontrar um resultado ainda pior. Nem o (ilusório) empate técnico propagado incessantemente por tantas e tão estranhas sondagens evitou a débacle eleitoral. Demitiu-se Sócrates e um conjunto de personagens que, se espera, vão rapidamente e em força para o caixote de lixo da História.
A CDU, como já era esperado, resiste à sua maneira. Perde votos em relação às legislativas de 2009 (mais de 5 mil), mas ganha mais um deputado, eleito por Faro, o que é um proeza histórica, diga-se de passagem. Ao contrário de alguns comentadores que não se cansam de explanar a sua falta de rigor pelos ecrãs televisivos, a CDU não fica dever este mandato ao aumento do número deputados a eleger pelo círculo de Faro (mais um do que em 2009). Foi a cabeça de lista do Bloco de Esquerda, Cecília Honório, a última deputada a ter sido eleita por este círculo, quem beneficiou do aumento de lugares elegíveis.
E quanto ao BE, a derrota foi pesada: perde mais de duzentos mil votos e metade dos deputados eleitos em 2009. É um resultado difícil de digerir para os seus dirigentes e militantes, mas é a expressão do equívoco em que caíram: ignoraram a diversidade de interesses e causas dos eleitores que têm votado no BE, imaginado ter um núcleo eleitoral estável e homogéneo, talvez à imagem e semelhança do PCP. Logro que lhes custou caro.
Estranha-se ver dirigentes, que por mais de uma vez deram provas de argúcia política, enredados numa lógica de mimetização do PC, ignorando, desprezando, a sociologia dos eleitores. Dos eleitores que permitiram ao Bloco crescer e soltar-se das baias dos partidos e formações políticas que estiveram na sua origem. O caminho parece ser agora o inverso, com o Bloco a encerrar-se sobre si mesmo, e a ser meramente um palco de repartição de poder entre os dirigentes daquelas formações que lhe deram corpo. A ser assim reforça-se a clivagem entre dirigentes e militantes, por um lado, e os eleitores por outro. E o desenlace será a crónica de um definhamento anunciado: até não haver outro caminho, para os seus dirigentes e militantes, a não ser ir bater à porta do PCP. Só que nessa altura é muito duvidoso que essa porta se abra.
O CDS/PP emerge também vencedor das legislativas últimas. Cresce em número de votos e de mandatos (tem tantos quantos a CDU e o BE juntos, proeza assaz assinalável). O crescimento deste partido tem sido sustentado ao longo dos últimos actos eleitorais, sinal das (reconhecidas) qualidades de liderança de Paulo Portas e de um bom punhado de bons quadros políticos, passe a redundância.
É certo que o resultado foi obscurecido pelas expectativas de um resultado ainda maior, que algumas sondagens lhe prognosticavam e que o seu líder ampliou, ao fixar metas talvez além da realidade política nacional, cativa dos dois partidos clientelares do regime, PS e PSD. Em todo o caso, um bom resultado: o CDS não só resiste ao voto útil, como consegue crescer num contexto de crescimento eleitoral do PSD.
O PS sofre uma pesada derrota, sendo necessário recuar mais de duas décadas (mais precisamente a 1987) para encontrar um resultado ainda pior. Nem o (ilusório) empate técnico propagado incessantemente por tantas e tão estranhas sondagens evitou a débacle eleitoral. Demitiu-se Sócrates e um conjunto de personagens que, se espera, vão rapidamente e em força para o caixote de lixo da História.
A CDU, como já era esperado, resiste à sua maneira. Perde votos em relação às legislativas de 2009 (mais de 5 mil), mas ganha mais um deputado, eleito por Faro, o que é um proeza histórica, diga-se de passagem. Ao contrário de alguns comentadores que não se cansam de explanar a sua falta de rigor pelos ecrãs televisivos, a CDU não fica dever este mandato ao aumento do número deputados a eleger pelo círculo de Faro (mais um do que em 2009). Foi a cabeça de lista do Bloco de Esquerda, Cecília Honório, a última deputada a ter sido eleita por este círculo, quem beneficiou do aumento de lugares elegíveis.
E quanto ao BE, a derrota foi pesada: perde mais de duzentos mil votos e metade dos deputados eleitos em 2009. É um resultado difícil de digerir para os seus dirigentes e militantes, mas é a expressão do equívoco em que caíram: ignoraram a diversidade de interesses e causas dos eleitores que têm votado no BE, imaginado ter um núcleo eleitoral estável e homogéneo, talvez à imagem e semelhança do PCP. Logro que lhes custou caro.
Estranha-se ver dirigentes, que por mais de uma vez deram provas de argúcia política, enredados numa lógica de mimetização do PC, ignorando, desprezando, a sociologia dos eleitores. Dos eleitores que permitiram ao Bloco crescer e soltar-se das baias dos partidos e formações políticas que estiveram na sua origem. O caminho parece ser agora o inverso, com o Bloco a encerrar-se sobre si mesmo, e a ser meramente um palco de repartição de poder entre os dirigentes daquelas formações que lhe deram corpo. A ser assim reforça-se a clivagem entre dirigentes e militantes, por um lado, e os eleitores por outro. E o desenlace será a crónica de um definhamento anunciado: até não haver outro caminho, para os seus dirigentes e militantes, a não ser ir bater à porta do PCP. Só que nessa altura é muito duvidoso que essa porta se abra.
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