Sou um descrente em muitas coisas deste nosso mundo. Não acredito, por exemplo, em soluções miraculosas saídas da cartola de um qualquer tecnocrata. E hoje eles vão cada vez mais substituindo os políticos eleitos pelo povo, perante a apatia das opiniões públicas, paralisadas por uma crise sem fim à vista.
A última cimeira europeia foi o corolário desta lógica: regras draconianas impostas aos parlamentos, destituídos de voto na matéria em tudo o que respeite às políticas orçamental e fiscal. Regras que serão aplicadas aos infractores por um exército de eurocratas ao serviço do Tribunal de Justiça da União Europeia. Sim, vai ser preciso um exército de funcionários para esgravatar as contas dos 23 ou 26 estados subscritores do pacto orçamental.
Agarro-me ao não de Cameron. Não por causa da famigerada City, mas por acreditar no velho princípio de que a soberania reside na nação. E de que no estado moderno não pode haver cobrança de impostos sem representação democrática. Sem que as medidas passem pelo crivo dos parlamentos. Não seria de esperar outro gesto de um primeiro-ministro oriundo do reino da Magna Carta. Acho.
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