Um artigo sobre a cultura inglesa, sobre como esta foi moldada por acordos e entendimentos informais vários, anteriores a qualquer lei escrita. Consensos sobre um conjunto de regras cívicas aceites pelo comum dos cidadãos.
Enfim, um conjunto de regras de bom-senso, indissociáveis do que é ser inglês. Tudo isso começa a ser questionado à luz dos motins que assolam a Velha Albion.
Os discursos sobre tais manifestações de barbárie não escapam à vulgata: a esquerda fala no desemprego e nas desigualdades causadoras de ressentimento; a direita acena com o (amoral) Estado social e a desresponsabilização ou dissolução da família.
Talvez fosse útil distanciarmo-nos do tempo breve do acontecimento. Se a Inglaterra é civismo e bom-senso, não é menos lugar de subculturas juvenis que não raro abraçam a embriaguez da violência. Não é difícil encontrarmos exemplos disso no passado recente. Talvez estes protestos ultrapassem, pela sua magnitude e brutalidade, outras manifestações de barbárie. O que mais assusta, é não vermos neles sombra de reivindicação social ou política. Apenas a incomunicabilidade da destruição.
Encontramos as raízes desta violência noutras sociedades também. Vivemos submetidos ao consumo desenfreado, em que o princípio do desejo é juiz supremo. E o desejo sem mais nada é uma poderosa força de destruição.
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